Movimentos sociais se unem contra ameaças de retrocesso

Geral CTB Geral 01/04/2015

Unir forças para barrar qualquer ameaça de retrocesso político e social. Esta foi a principal bandeira defendida durante o ato em defesa da democracia realizado na tarde desta quarta-feira (1º/4), em Salvador. Com a participação de diversas entidades do movimento social, sindical e popular, o evento aconteceu no Forte do Barbalho, principal centro de tortura aos militantes de esquerda na Bahia durante a ditadura militar iniciada em 1964.

Na mesa, o ex-deputado federal e ex-preso político Haroldo Lima lembrou dos 21 anos sombrios na história do país, em que centenas de brasileiros foram torturados e mortos em locais como o Forte do Barbalho. “Eu não fiquei preso aqui, pois fui preso em São Paulo e  transferido para o Rio de Janeiro, onde fui barbaramente torturado. Depois me mandaram para a Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador, onde só saí com a Lei da Anistia. Achei que esta história não se repetiria, mas agora  percebo que a extrema direita, apoiada pela grande mídia, está criando um clima propicio ao golpe, seja a ditadura, com um golpe militar ou outro tipo de golpe através do Legislativo e do Judiciário,  com um  impeachment, mesmo sem nenhum fundamento jurídico”.

O alerta foi reforçado pelo presidente da CTB Bahia, Aurino Pedreira, que conclamou os presentes a aumentar a mobilização. “Eles estão usando as mesmas estratégias que usaram em outros momentos da história, inclusive em 1964, que é criar verdades aparentes, fazendo com que a maioria apoie ações que favorecem apenas a uma minoria. Não podemos nos enganar em relação ao momento que estamos vivendo, eles estão reunindo forças para tentar um golpe. Para rechaçar esta ameaça vamos ter que quebrar barreiras e esclarecer a população sobre o que está acontecendo”, disse.

“Atos como este devem ser levados para a periferia da cidade, para os locais estão a população mais pobre, que votou neste projeto que está sendo ameaçado. Precisamos alertar para os passos preocupantes rumo ao retrocesso dados pelo Congresso Nacional , a exemplo da redução da maioridade penal, que está em debate na Câmara dos Deputados”, acrescentou  o Padre José Carlos, da Ação Social Arquidiocesana de Salvador. 

O mesmo tom marcou as falas da deputada federal Alice Portugal (PCdoB); do deputado estadual Marcelino Gallo (PT), membro da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa da Bahia; e dos representantes das demais entidades presentes. O encontro foi finalizado com uma plenária dos movimentos sociais, que tirou como primeiro indicativo a criação de uma Coordenação, que vai trabalhar pela inclusão de mais entidades  nas mobilizações contra as ameaças golpistas.

Ficou acertado também, que todos vão participar das manifestações contra a PL 4330, no dia 7 de abril, data em que a matéria deve entrar na pauta de votação da Câmara dos Deputados; de um ato pela democratização da mídia, no dia do aniversário de 50 anos da Globo, em 26 de abril, além de reunirem força total para celebrar o 1º de Maio, Dia do Trabalhador.