Com provas fortes da PGR, STF começa julgar Bolsonaro e golpistas

O Brasil acompanha, nesta terça-feira (2), o início do julgamento histórico em que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve definir a provável condenação de Jair Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado. Pela primeira vez, um ex-presidente, generais e um almirante de esquadra são julgados por esse tipo de crime.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a acusação se baseou em amplo conjunto de provas, como manuscritos, arquivos digitais, trocas de mensagens e planilhas que revelam a trama conspiratória contra as instituições democráticas. “Não há dúvidas de que a organização criminosa desacreditou publicamente o sistema eletrônico de votação, valendo-se de recursos e agentes públicos, bem como mobilizou o braço armado do Estado”, diz.
Gonet afirma que os depoimentos e inquirições, ao longo do julgamento, evidenciaram envolvimento dos denunciados em uma organização criminosa para impedir o funcionamento dos poderes da República e depor um governo legitimamente eleito, além da depredação de prédios públicos.
DENUNCIADOS
Além de Bolsonaro, o chamado núcleo crucial (Núcleo 1) da trama golpista é composto por Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Mauro Cid (tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).
PROVAS
Entre várias provas dos crimes, a PGR citou a live do então presidente Bolsonaro, com ataques às urnas sem provas em julho de 2021; transmissão ao vivo da reunião com embaixadores (julho de 2022), em que Bolsonaro faz mais ataques sem provas ao sistema eleitoral; manuscritos e arquivos eletrônicos que revelam “plano de desacreditar reiteradamente o processo eletrônico de votação”.
Tem ainda mensagens e arquivos digitais, planilhas de dados, registros de reuniões “voltadas ao manejo indevido das forças de segurança pública, especialmente da Polícia Rodoviária Federal, no segundo turno das eleições”. E mensagens eletrônicas que confirmam “ter sido postergada a divulgação do relatório produzido por autoridades militares sobre a idoneidade do sistema eletrônico de votação, como forma de manipulação da vontade popular”.
Outro fato foi a convocação do Alto Comando do Exército para apresentação, por Bolsonaro, de medidas para impedir a posse do governo Lula. Há provas disso por depoimentos, registros de entrada no Palácio da Alvorada, minutas apreendidas e conversas sobre reuniões de apresentação do projeto golpista.
Ainda constam registros das ações militares de monitoramento, como o plano “Punhal Verde Amarelo”, impresso nas dependências do Palácio do Planalto e que consistia na prisão e assassinato do presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Além das imagens de destruição das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
com informações do Vermelho