Nesta quarta-feira (23/3), os principais representantes do movimento sindical brasileiro se reuniram em São Paulo, com a presença do ex-presidente Lula, sua liderança histórica, em um ato de apoio à democracia.
Divergências sobre a política econômica ou a gestão da presidenta Dilma Rousseff foram postas de lado por um bem maior: barrar o golpe que vem sendo orquestrado no país. “Neste agudo estado de crise, vamos fortalecer a unidade da classe trabalhadora e criar em cada sindicato deste país um comitê em defesa da democracia”, disse Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB a um plenário lotado, no centro da capital paulista.
O clima geral era de indignação e cautela para enfrentar a ofensiva autoritária e arbitrária que vem ganhando força em setores da oposição, da grande mídia e do judiciário permitindo que garantias constitucionais sejam publicamente ultrajadas com o apoio irrestrito e acrítico dos principais veículos de comunicação.
Dirigentes e sindicalistas das seis principais centrais sindicais brasileiras (CTB, CUT, Intersindical, Nova Central, UGT e Força Sindical) reafirmaram em seus discursos serem contrários a qualquer tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff - ainda que muitos defendam mudanças urgentes na política econômica - e expressaram seu total apoio a Lula e a sua posse no ministério da Casa Civil.
Um vídeo com mensagens de apoio de dirigentes sindicais de dezenas de países foi exibido. A maior parte dos sindicalistas fala em “perseguição política ao ex-presidente Lula” e denunciam a parcialidade dos meios de comunicação e de setores do judiciário. O ator americano Danny Glover enviou uma longa mensagem, em que diz que Lula está sendo criminalizado por ter se empenhado em construir um país socialmente mais justo: “E por isto, eu apoio Lula”, diz.
Também presente no evento, Ivânia Pereira, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, afirmou que defender a democracia hoje é ser contra o impeachment. "Não admitiremos que aqueles que perderam nas urnas fragilizem a democracia brasileira. Não há nada que pese contra a presidenta que justifique seu impedimento! O nome disso é golpe!".
Getúlio, JK e Jango
O ex-presidente foi descrito como uma peça fundamental da atual conjuntura política, única capaz de unificar a classe trabalhadora no Brasil, fazer a interlocução com os movimentos populares e implementar as ações previstas no “Compromisso pelo Desenvolvimento”, documento com medidas para retomada do crescimento feito pelas centrais sindicais em parceria com o empresariado.
Lula começou seu discurso traçando algumas semelhanças entre o que ele está vivendo hoje e o que se passou no passado com os ex-presidentes Juscelino Kubitscheck, Getúlio Vargas e João Goulart. Guardadas as devidas diferenças, ele destacou que a corrupção e a crise econômica foram usadas como pretexto para legitimar atos ilegítimos nos três casos, com as consequências que hoje conhecemos.
Alternando momentos de seriedade, irreverência, ironia e muito bom humor, Lula contou histórias, criticou a mídia e falou da importância da operação Lava Jato, mas ponderou: "Será que não podemos prosseguir com as investigações sem fechar tantas empresas e causar tanto desemprego?".
Um manifesto dos sindicalistas foi lido e aprovado durante o encontro. Trecho do documento: "O momento requer unidade e demanda repúdio a atitudes antidemocráticas que, a pretexto do combate à corrupção, geram instabilidade e promovem o golpe".
Portal CTB