Por que os conservadores temem tanto o debate de gênero na escola?

Geral CTB Geral 29/02/2016

Alunas do Colégio Anchieta, de Porto Alegre, viralizaram na internet a campanha “Vai ter shortinhos sim”, inclusive criando uma página no Facebook (acompanhe aqui) e um abaixo-assinado disponibilizado para atacar a opressão ao modo de se vestir das meninas.

Tipo diversas campanhas que têm viralizado na internet contra o assédio, como “Meu primeiro assédio”, “Carnaval sem assédio”, “Eu não mereço ser estuprada”, “Meu número é 180”, da ONU Mulheres, entre diversas iniciativas de contraposição à toda ordem de violência.

“Nós, alunas do ensino fundamental e médio do Colégio Anchieta de Porto Alegre, fazemos uma exigência urgente à direção. Exigimos que a instituição deixe no passado o machismo, a objetificação e sexualização dos corpos das alunas”, diz manifesto das alunas para uma abaixo-assinado online (acesse a página aqui).

A colocação das adolescentes gaúchas, entre 13 e 17 anos, sugere um amplo debate sobre o papel da educação na discussão da questão de gênero dentro das escolas. “Em pleno século 21, não cabe mais educar as meninas para serem mães e donas de casa somente”, diz Marilene Betros, secretária da Mulher da CTB-BA.

As jovens manifestam ainda a exigência de deixar “no passado a mentalidade de que cabe às mulheres a prevenção de assédios, abusos e estupros; exigimos que, ao invés de ditar o que as meninas podem vestir, ditem o respeito”.

“Eles falam que não é lugar de usar shortinho. Mas essa é a nossa roupa. A gente tem o direito de usar a roupa que a gente quiser”, diz a estudante Marina Stein, de 14 anos.

A professora baiana lembra que o debate de gênero consta do Plano Nacional de Educação (conheça o PNE aqui), mas que muitos municípios e estados estão tirando a palavra gênero de seus planos porque “temem a igualdade de direitos entre homens e mulheres”.

Para ela, “a cultura patriarcal subjugou a mulher para limitar seu conhecimento, inclusive sobre o seu próprio corpo, impedindo assim qualquer possibilidade de autonomia. Mas as feministas foram à luta, queimaram sutiãs e conquistaram espaços”.