Badaró defende confinamento e alerta para baixo índice de testes de Covid-19 no Brasil

Badaró defende confinamento e alerta para baixo índice de testes de Covid-19 no Brasil
Foto : Tácio Moreira/ Metropress

Geral 13/04/2020 Escrito por: Romice Mota

 

O médico infectologista Roberto Badaró, integrante do Comitê Científico do Consórcio Nordeste e diretor do Instituto de Ciências da Saúde do Cimatec, afirmou, em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã de hoje (13), que o confinamento dá resultados importantes na guerra contra a proliferação de coronavírus na Bahia. No entanto, ele alerta para a alta de mortalidade ocorrida no país em comparação com a China e os Estados Unidos.

"Temos que ver a questão do fator de crescimento analisando o número de casos hoje e o número de casos no dia anterior. Se o fator é acima de um, está subindo. Se está abaixo, está caindo. O fator de crescimento observado aqui, entre fevereiro era 6.95 na China e depois começou a cair e, em abril, passou a ser 0.86. Eles estão caindo. No Brasil, o fator de crescimento é difícil", comentou. 

"A gente fica com uma certa dificuldade de entender as coisas. São 500 mil casos nos EUA e a China tem uma população quase cinco ou sete vezes maior. Sem fazer nenhuma ilação, as pessoas acham que isso é uma guerra biológica e ideológica. Quando se exclui a China, fora da China, o fator de crescimento em fevereiro mostrava que havia mais casos fora do mundo do que lá. O efeito do confinamento está tendo uma resposta, apesar de ainda o número de infectados aumentar junto com a mortalidade", acrescentou.

Badaró esclareceu dúvidas sobre a quantidade de testes sendo feitos no Brasil. Em comparação com a China, que registrou os primeiros casos de transmissão no mundo, ele reforçou que as notificações no país asiático começaram de forma espalhada e sem muita precisão.

"Na China usaram muita notificação clínica sem confirmação, somente parâmetro clínico. Tosse, secreção e febre foram incorporados e rapidamente observados como Covid-19. Agora, com os testes rápidos e sorológicos, a sensibilidade é boa. Ponha na cabeça que a grande maioria, esmagadora até, 80% dos casos, as pessoas se recupera. Muitas vezes nem foi notificado o caso. Isso que temos que ter cuidado ao analisar se há diminuição ou não e ver as pessoas que nem vão aos hospital", disse.

Na avaliação do infectologista, a alta de casos nos Estados Unidos em relação ao Brasil se dá por conta do número de testes feitos em território americano. Na Bahia, 5.347 casos estão em investigação de pessoas. No Brasil, já são 18 mil.

"Temos que tomar cuidado com esse tipo de análise. Nos EUA, a mortalidade é de 72 por milhão. No Brasil é cinco. Estamos muito melhor. Mas se a gente olha o número de testes feitos nos EUA, são 8.138. No Brasil são 296. Eles estão notificando muito mais do que nós", comenta. 

 

Via Metro1